quinta-feira, 23 de junho de 2011

Seria?

O que seria da vida
Se bastasse um único olhar?
Passaria despercebida
A vida que estivesse a passar?

O que seria da alma
Se apenas bastasse enxergar?
Despercebida então morreria
Sem ninguém sequer se importar?

O que seria da noite
Sem as lágrimas para chorar?
Ficaria o dia mais triste
Sem uma noite pra se consolar?

O que seria do sol
Sem lâmpadas para iluminar?
Mais respeito, porém teria
Se fosse o único a clarear?

O que seria do sorriso
Sem a gargalhada pra se escutar?
Bastaria vê-lo apenas
Para de alegria se contagiar?

O que seria do mar
Sem as ondas a movimentar?
Perderia sua energia
Ou viria um dia a secar?

Então o que seria de mim
Sem te ouvir, te sentir, te enxergar?
Teria eu começado a existir
Quando percebi que comecei a te amar?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quem estará lá?

Quem estará lá pra te ver chorar
Quando o sonho não der certo,
Quando a tristeza chegar?

Quem estará lá pra te segurar
Não permitir a sua queda
E mesmo assim te levantar?

E quem estará lá pra te parabenizar
Quando for feito o inesperado
E com olhares indiferentes se deparar?

Quem estará?
Quem estará?

Se o humor mudar
Se o jeito mudar
Se o ano mudar
Se a vida mudar
Se o tempo passar
E se cair a chorar
Quem vai te esperar?
Quem estará lá?

Se não consegue dormir
Se não consegue sorrir
Se não consegue existir
Além do existir

Se não há compaixão
Se não há o perdão
Se só há solidão
Quem te estenderá a mão?

Quem estará lá?
Quem estará lá?

Não sei do quem
Nem do por que
Sei que estarei aqui
Esperando por você

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Indiscreto

O mundo não para enquanto estamos em pausa;
Um plágio descarado, contudo vivido.
E no instante eterno e surreal da estática
Em que todas as formas se moldam distintas,
A onda de culpa se espalha no ser.

A relevância é dos erros, nunca da calma.
O tempo determina a morte de um vencido
Que em desconfiança estuda na prática
As vontades e razões há muito extintas:
Enxergar a verdade, não ver para crer.

Esquecer e perdoar para a paz da alma;
Lágrimas não caem, pois há muito há sofrido.
Não há traição, é apenas uma tática:
Difamar o pincel para estragar a tinta.
Esqueci os pintores, voltei a viver.