sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sempre

Feliz mesmo é quem sabe que Jamais vai estar sozinho
Haveria de viver enraizado ao que já foi?
Haveria de cavalgar no que será?

Feliz mesmo é quem sabe flutuar nas suas alegrias
Haveria de guardar suas angústias?
Haveria de ressaltar seus defeitos?

Feliz mesmo é quem tem como dividir seus medos
Haveria de se perder numa noite escura?
Haveria de acabar numa briga infantil?

- Nunca!

Feliz mesmo é quem está Junto de ti
E acordar de bom humor
Mesmo com as dores no corpo
Feliz de verdade de estar Junto de ti
E dormir e sonhar, viver e realizar
Não desisti, não se entregar
Feliz por ser feliz Junto de ti
Feliz por esquecer mais de mim
Feliz por você estar aqui
Feliz por ser feliz por mim
Feliz por fazer de ti feliz

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Gripe

É frio
Roupas rasgadas
Fim da estrada
Início do nada

Vazio
Dores no corpo
Antes de morto
Espasmos sem gosto

Fastio
Perda da fome
Alma que some
Sem fala, sem nome

Um sono
Bolinhas brancas
Febre que espanta
Dentro da garganta

sábado, 16 de julho de 2011

Zumbido

Parecem agulhas se chocando, perfurando
Um som distante e grave, um zumbido
Talvez o soar das asas de um mosquito
Uma corda desafinada ao longe vibrando

Transbordar de uma água limpa e salina
Tremor do pouco ferro e frágil cálcio
O que dirão da última flor do lácio
Que em meus dedos morre cristalina?

De certo as auroras saltam distante
E o inverno permanece presente
Perfurando seu perfume penetrante

Em pelos e peles agora ausentes
Em ti vivo a pensar a cada instante
Um refém do que meu coração sente

domingo, 10 de julho de 2011

Febre

O que está acontecendo comigo?
Meus olhos apontam para o horizonte
Dias de meses atrás; parece que foi ontem
Todo o meu corpo se tornou um abrigo

De algo estranho, que me faz sentir calor
Apertar meu peito, gelar minhas mãos
Perder-me no tempo e na respiração
Prolongar os minutos de prazer e dor

Não quero sair da cama, muito menos acordar
Nem sono, nem vigília, simplesmente sonhar
Por nos sonhos sempre te ter ao meu lado

Essa febre gostosa se alojou no meu ser
Roubou tudo aquilo que me fazia sofrer
Pra de um sofrimento de amor ser por inteiro tomado

sábado, 9 de julho de 2011

Tesoura

Uma espera que me desespera
Doce quimera, mais que invenção
Pela janela um sorriso em uma tela
Beleza singela, meu coração

Pulsa tão forte na arte do corte
Grande é minha sorte, não ser ilusão
Desfaz a vergonha e fora da fronha
Vê o que sonha na palma da mão

Inocência junto à maturidade
Olhos atentos, cobertos de luz
Fazem-me refém maior da verdade

A puros sentimentos me reduz
Sinto-me dento de uma cidade
Onde o seu sorriso é quem me conduz

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ainda

Deitei no teu sorriso
E a sombra projetou-se depressiva
Numa onda de culpa
A luz invadiu-me e quebrou-me em pedaços

As penas caem lentamente
Dançando no ar
Desfazendo suas asas
Fazendo-me voar

Um olhar irrompe do vazio
Confundindo os sentidos já confusos
E as lágrimas descem –
A agonia se manifesta

Tudo passa, quase tudo
Passa quase, tudo tudo
O quase, o tudo sempre passa
Quando estou sob tuas asas

Perdi; perderei
Senti sozinho, não sentirei
Sob teus braços, amei
– Amo; amarei

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Seria?

O que seria da vida
Se bastasse um único olhar?
Passaria despercebida
A vida que estivesse a passar?

O que seria da alma
Se apenas bastasse enxergar?
Despercebida então morreria
Sem ninguém sequer se importar?

O que seria da noite
Sem as lágrimas para chorar?
Ficaria o dia mais triste
Sem uma noite pra se consolar?

O que seria do sol
Sem lâmpadas para iluminar?
Mais respeito, porém teria
Se fosse o único a clarear?

O que seria do sorriso
Sem a gargalhada pra se escutar?
Bastaria vê-lo apenas
Para de alegria se contagiar?

O que seria do mar
Sem as ondas a movimentar?
Perderia sua energia
Ou viria um dia a secar?

Então o que seria de mim
Sem te ouvir, te sentir, te enxergar?
Teria eu começado a existir
Quando percebi que comecei a te amar?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quem estará lá?

Quem estará lá pra te ver chorar
Quando o sonho não der certo,
Quando a tristeza chegar?

Quem estará lá pra te segurar
Não permitir a sua queda
E mesmo assim te levantar?

E quem estará lá pra te parabenizar
Quando for feito o inesperado
E com olhares indiferentes se deparar?

Quem estará?
Quem estará?

Se o humor mudar
Se o jeito mudar
Se o ano mudar
Se a vida mudar
Se o tempo passar
E se cair a chorar
Quem vai te esperar?
Quem estará lá?

Se não consegue dormir
Se não consegue sorrir
Se não consegue existir
Além do existir

Se não há compaixão
Se não há o perdão
Se só há solidão
Quem te estenderá a mão?

Quem estará lá?
Quem estará lá?

Não sei do quem
Nem do por que
Sei que estarei aqui
Esperando por você

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Indiscreto

O mundo não para enquanto estamos em pausa;
Um plágio descarado, contudo vivido.
E no instante eterno e surreal da estática
Em que todas as formas se moldam distintas,
A onda de culpa se espalha no ser.

A relevância é dos erros, nunca da calma.
O tempo determina a morte de um vencido
Que em desconfiança estuda na prática
As vontades e razões há muito extintas:
Enxergar a verdade, não ver para crer.

Esquecer e perdoar para a paz da alma;
Lágrimas não caem, pois há muito há sofrido.
Não há traição, é apenas uma tática:
Difamar o pincel para estragar a tinta.
Esqueci os pintores, voltei a viver.

domingo, 24 de abril de 2011

Sandálias

Sandálias de couro
Terra de barro
Pobreza de ouro
E de tudo que é caro

Laços maduros
Riqueza da alma
Em tudo que é puro
Na áspera palma

Da mão calejada
De trabalho ou de arte
Que nunca se vende
Que nunca se parte

Correntes de ferro
Correntes de ar
Correntes marítimas
A desertos formar

A vida infortuna
Em dificuldades
É rica a sandália
Que na estrada reparte

Fazendo da vida
Uma busca constante
Felicidade verdadeira
Companhia incessante

quinta-feira, 24 de março de 2011

Queda Livre

Cair do alto, não chegar
Adrenalina a viajar
Em correntes criadas no ar
Não mais cair, flutuar

De ponta-cabeça, desesperar
Retendo os sentidos, deslizar
Sem instrumentos, embriagar
Na inconsciência: respirar

O tempo indefine-se
Na altura da queda
Livre no ar
Sobre um chão de pedra

A rotina do eu
Na inconstância da mente
Faz formas disformes
Em sorrisos contentes

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ouro

Todos esses fios de cabelo
Variados tipos e cores
No pairar de uma brisa
O balanço da camisa
As ricas senhoras e senhores

A confusão do simples concreto
Com a sublime dança da chuva
Toda a riqueza do ouro
Não paga o real tesouro
Da construção desprovida de luva

Os ferimentos em uma mão jovem
E os calos naquelas mais antigas
São as mais belas marcas
Que nem o tempo apaga
Os calos e o causador das feridas

E se com ouro não se compra
De ouro não mais preciso
Não me pertence o coração
Pois, querendo você ou não
Por você ele foi ferido

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Alcance

Embriagar-se de respirar
E prolongar o êxtase
Da vitória inacabada

Estontear-se ao enxergar
A alma em ênfase
Da glória alcançada

Iluminar-se a acreditar
Na vida eterna
De sonho, inalterada

E transcender ao entregar-se
Ao esplendor que vela
A nova vida gerada

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Responda pra você mesmo

A vida pra mim são todos os detalhes
É cada sorriso em todos os olhares
É cada criança em todos os lugares
É toda a natureza de todas as cidades

Viver pra mim é enxergar com a alma
Alimentar-se com sonhos
Embelezar a realidade
Ajudar a quem precisa
E até a quem não precisa
E acima de tudo amar

Amar os amigos, amar a família
Amar os amores, inclusive as dores
Amar o amor e amar amar
Agradecer por viver
E por poder amar
Antes de tudo
Amar em primeiro lugar

Se Deus existe ou não, quem diz não sou eu
Eu sei que o meu Deus é o amar e perdoar
Não a tudo e a todos, porque sou humano
Mas amar a quem consigo com todas as forças
E perdoar mesmo sem desculpar
...

E o que se torna feliz
Sem a felicidade?
O que é o viver
Sem se entregar?
Não é pelo que vale a pena
Nem pelo que é valorizado
É viver pelo amor
É morrer pelo amar
E você:
Qual o amor você tem pra dar?