terça-feira, 8 de abril de 2014

Verdade do Amor

A minha alma desagua
num poço de solidão.
Encho os meus olhos de água
ao procurar sua mão.

Meu corpo no fundo pressente
que já não quer mais lutar.
De mim estou tão ausente,
não consigo sair do lugar.

Se fosse pra ser tão perfeito

é claro que não seria amor;
ainda pensar desse jeito
é pedir pra sofrer, sentir tanta dor.
Pra sonhar não precisa dormir
foi você mesma quem me ensinou.
Quem conjuga amar no passado
de fato nunca amou.

Em paz eu sigo em frente
na certeza que vou encontrar
alguém que de fato entende
o que realmente é amar.

Não preciso de olhos azuis
nem um corpo de se invejar.
O meu troféu é a luz
de um sorriso sincero, de um doce olhar.

Somos nós quem fazemos perfeito
em cada defeito a cada luar.
Não importa o caminho estreito,
pois nele assim mesmo podemos passar.
Ainda que não seja um conto de fadas
não há nada do que reclamar.
A verdade no fim é que quando se ama
não há outra coisa a fazer além de amar
.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Distante Solidão

Lamentações de uma estrela cadente
invadem meu eterno poente
ainda que entre nuvens, presente
o meu sol beijando o mar

É, só me entende quem sente
saudade de um passado presente
não vivido, mas eternamente
na memória que não posso tocar

Distante de mim ainda persiste
essa solidão que tanto insiste
em vir sem demora me abraçar.

De quanto mais longe ela diste
o menor sinal que estou triste,
mais rápido vem comigo ficar.

sábado, 5 de abril de 2014

Olha (Ironia)

Olha quanta gente passando
sem ter pra onde ir
sem saber se está faltando
algum motivo pra sorrir.

Olha quanta mágoa prendida
nesses peitos quebrados
em que cada ferida
causa grandes estragos.

Olha quanta tristeza no olhar
dessa gente tão nova
que não sabe apreciar
um verso, uma prosa.

Olha quanto amor ainda falta
nesse mundo perdido
quando há tanto em cada pauta
desse caderno esquecido.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Espera

Já perdi as contas do tempo
se anos ou décadas, um milênio
ou um segundo, noção não tenho
do tempo que passou, lento.

Desde muito não adormeço,
medo de te ver em sonho
sim, tenho um medo medonho
de confrontar-te, não mereço

tal tortura, tanta, tanta dor.
Se tudo que tive foi amor
por que então dói tanto assim?

Espero passar. O que quer que eu faça?
Esperar a morte não mata.
O que mata é a espera em si.

Querido Caderno

Tantas páginas em branco
e outras tantas rasgadas,
algumas ainda marcadas
molhadas e enxutas de pranto.

A beleza da letra é fútil,
mais vale o que está escrito.
Seja coloquial ou erudito
o português me é tão útil:

traduz a angústia e verdade
vividas na pequenina cidade
de tempestades intermináveis.

É em ti meu querido caderno
onde cada momento é eterno:
paixão e amor infindáveis.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Teia de Unhas

Meus dedos tão cansados não respondem;
correspondem à dormência de minh'alma.
Rugas fundas cavam a minha esquerda palma.
E na direita, as mágoas me consomem.

Minhas unhas crescem tortas, muito feias
e se quebram com um pequeno impacto.
Frias como o temível gelo ártico,
ao chão, me recordam grandes teias.

Teias de confusão que aprisionam
os dedos que hoje mal se mexem;
as mãos que há tanto se apaixonam

por braços que de longe não merecem
os olhos que tua imagem adicionam
ao coração que eternamente não esquece.

Primeiro Encontro

Diz o manual que não devo ligar,
pois é dar muita importância.
Como se eu fosse criança...
Não, posso e devo esperar.

Mas não faz o menor sentido!
Por que adiar o inevitável?
Pode até parecer aceitável
fingir distante, mas tenho tido

muito sobre o que questionar.
Afinal, por que de fato esperar
para poder mostrar que gosto?

Sei, pode até assustar.
Mas dando certo vou amar
por muito mais tempo, eu aposto.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Conversa de Sonetos

Isso tudo é fome? 
Ou terá outro nome?
"Vontade", quem sabe! 
"Desejo" também cabe.

Mas, não me olha assim.
Tenho vergonha.
Por favor, não ponha
a tua mão em mim.

Não, não agora.
Ainda não é hora.
Não estou pronta.

Eu sei que demora.
Mas, iria lá fora
sem pagar a conta?

É bem mais que fome!
Não sei qual o nome
dessa imensa vontade.
Mas "desejo"? Sim, cabe!

Não é porque quero
que te olho assim...
Só preciso de um sim,
é só o que espero.

Então por que não agora?
Já passou até da hora
de me dares tua mão.

Pois viro um fora-da-lei!
Renuncio o cargo de rei
pra ser escravo do teu coração.

Brincar de ser Feliz

Vamos brincar de ser feliz?
Pelo menos uma vez mais
olha pro fundo e diz o que faz
aqui. Vai, por favor, me diz

por que depois de tantos verões
decidiu voltar tão sozinho?
Sussurrando em meu ouvido baixinho,
trazendo tantas recordações.

Não percebe que a hora passou?
Meus atalhos não são mais iguais.
Será que ainda serias capaz
de me ver do jeito que sou?

Ou só veio, como é se diz;
confundir a minha cabeça?
Pode ser até que eu mereça...
Amor, vamos brincar de ser feliz.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Desvio de Olhar

Não, não mente pra mim.
Não minta que eu vi.
O olhar disfarçado quando ela passou.

Não, não fala pra mim
o que eu quero ouvir.
As palavras machucam, meu amor.

Olha, olha que eu deixo.
Não falo, nem queixo.
Faça logo o que achar melhor.

Ah, tu sabes que acho
teu instinto de macho
desculpa cínica sem nenhum pudor.

Mas, nem pense que dói.
Teu olhar me destrói
apenas quando me encaras assim,

pois, mesmo tu sabes
que no fundo, é verdade,
só tens, de fato, olhos pra mim.

Cultivo da Paz

Finalmente senti falta do que nunca vi,
nunca vivi, nem ouvi ou até senti.
Que estado de paz está tão perto
mas este jamais chega em mim?
Vai ver é só delírio ou um desejo coberto.

Ah, que será preciso fazer 
para ver, ouvir, sentir e viver
essa paz tão branda que tanto desejo?
Não sonho mais com a boca,
muito menos com o gosto do beijo...

Nessa hora só observo, analiso
como parece que não possuía juízo.
De fato, a perdição estava no ar.
Não existe arrependimento.
E a dor, onde será que está?

Sei lá, passou? Passará? Ou nem existiu?
Eu sei que não desisti de quem desistiu.
Mas, ei! Ela chegou e eu nem sequer notei.
Não segui a borboleta, nem cuidei do jardim.
Simplesmente chegou, a paz que tanto sonhei.