segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Queda

Estonteado em meio aos degraus
Parado a cair pelo ar, de um elevador
De pânico consumido e esmagado
Na leveza da claustrofobia, trancado
Indiscretamente pela raiva libertado
E de sorrisos apagados, cresce
Na insignificância impessoal inerte
Sorrateiramente vigiada, da vida impura
Cresce, cresce e cresce
Infinitamente dobra de tamanho
E diminui constante, mente
E se finda sem ser citado

Rotina

Uma imagem refletida
A sombra em movimento
Um som de uma batida
O sabor de um alimento

O frio da escura noite
E o calor da manhã bela
O cheiro do seu perfume
É minha droga predileta

O sentido de o meu amar
É acordado viver a sonhar
E ter-te comigo em cada lugar
Que minha mente possa imaginar

O objetivo do meu viver
Manifesta-se apenas em você
Só vivo e acordo a cada dia
Para em seus braços de amor morrer

sábado, 22 de janeiro de 2011

Onde você está?

Confesso que perdi o controle
Estou num carro desgovernado
Não tenho mais o que fazer

Você está em meus olhos
Em todos os simples detalhes
É só seu sorriso que consigo ver

Não tenho pra onde correr
Minhas pernas já se cansaram
Não da mais pra resistir

Você está em minha mente
Morando em meus pensamentos
É só sua voz que consigo ouvir

Sinto meu corpo tremer
Quando chego perto do abismo
Que me vejo prestes a cair

Você está em meu coração
E a cada batida eu percebo que
É só seu amor que preciso sentir

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Leito de um rio de pedras

E nesse caminho cheio de pedras
Meus pés não padecem ao caminhar
Minhas mãos seguraram as minhas quedas
Para que eu pudesse voltar a andar

Ainda estou no meio do caminho
E meu desejo não é só chegar
No fim dessa estrada cheia de espinhos
Mas novamente em teus olhos olhar

Curar as feridas dessa passagem
Da paixão e do medo para o amor
Vi por onde andei diversas miragens

Porém nenhuma tinha a sua flor
Que vi no dia em que saí da margem
E mergulhei buscando seu calor

Um lugar especial

De onde eu vim, a doação é extrema
O viver tem o propósito de tonar possível
A sobrevivência e felicidade plena
Do meu ser, isso é indiscutível

De onde eu vim, o amor pulsa forte
Exalto-o tanto por ser tão irresistível
Em todas as formas, mas a que agora me ocorre
É o amor recíproco, de mãe e filho

Uma relação intensa em sua maestria
Por vezes até conflituosa em demasia
Mas se assim não fosse, não tão bela seria
O amor de um reencontro, no amanhecer de cada dia

E tudo que acontece só ressalta
O quanto é importante, necessária
Pego-me agora lembrando de quantas vezes
O “também te amo” veio à mente, não à fala

Por isso aqui eu liberto tudo que sinto
Mesmo que a pessoa de quem falo não chegue a ler
O que sinto aqui é orgulho
De te ter, minha mãe, e dizer que amo você

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Balanço na rede

Anestesiei meu corpo e agora as lágrimas descem involuntariamente
Toda vez que me lembro do que aconteceu
E principalmente do que poderia acontecer ou ter acontecido

O passado não quer ficar pra trás, e o presente se torna angustiante
Sem perspectiva de um possível futuro
O que resta são apenas travesseiros e lençóis molhados durante a noite

E a dor que conseguiu enfim tomar conta de tudo que poderia e queria
Já se tornou parte de mim e firmou-se
Em tudo que a esperança não conseguiu conquistar somente com a espera

Não é por pena do meu ser, nem da minha inútil existência que sinto a vida
Escorrer diante dos meus olhos, molhando meu rosto
E fazendo-se vergonha quando tudo que sobra é um quarto e um passeio pela mente

É pela falta de compromisso do e com o mundo, sobretudo das almas que flagelam
A minha por esta não ser capaz de tornar real
Os desejos e vontades daquelas, já que não há mais doação, só o ego falsificado

E o desconhecido que abrange tudo que parece imutável arranca e aniquila
Todos os desejos e sonhos fazendo acreditar
Fazendo-me acreditar que não vale a pena, que não vale a pena...

Mas uma coisa eu não consigo esquecer nem deixar pra trás
Por mais que eu lute e que eu deseje
Não consigo esquecer quem eu amo

domingo, 16 de janeiro de 2011

Estrela que mais brilha

E o que verdadeiramente há de brilhar
São aqueles pontinhos que nunca se apagam
Que distantes e errantes vivem a piscar
E na luz dos seus belos olhos se entrelaçam

As lindas estrelas que no espaço residem
Provam pra mim o quanto a luz é especial
Não há porque dissociar o que exprimem
É notável o amor da luz impessoal

Mas no meu céu de vermelhos, azuis e verdes
As cores se confundem e dispersam os astros
Pessoas que transbordam amor no meu viver

Amor que se espalha como luz, forma redes
De ligações entre as estrelas em seus mastros
Aqui no meu céu minha Vênus é você

sábado, 15 de janeiro de 2011

Vozes

Uma voz ao longe, um sussurro, um gemido
Um grito sem som, um barulho, um ruído
Vozes ecoam de dentro do meu ouvido
Destorcem e vibram um tímpano ferido

Dizem o que fazer, o que sentir, o que falar
Fazem-me querer te ouvir e imaginar
Não me deixam dormir, fazem-me pensar
Na insanidade de um universo particular

A invenção, a construção e a restauração
De um sonho idealizado na admiração
Pro tempo que vivo é só uma encenação
Elogio à loucura, destituição da razão

E as vozes me dizem para então continuar
Não parar, não desistir, permanecer a lutar
Infelizmente, porém, o que finjo escutar
É o que na verdade eu vivo a falar

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Depressão

Minha alma chora em ritmo acelerado
Os olhos se cegam e sangram
Os pensamentos se confundem
Num universo de possibilidades
E não encontro caminhos para a felicidade
Apenas ilusões e atalhos para o nada
Como um buraco negro que se fortalece
E suga toda a luz para dentro de si
Não emite nada, não espera nada
A alternância de extremos leva à loucura
Engraçado. Nunca gostei da palavra “sanidade”
E sei, ou pelo menos acho que sei
Que o fim antecipado não é a solução
É apenas um atalho
Não quero presenciar mais nada
Já enxerguei além do que queria
E vi que o mundo tem salvação
Mas ele não colocou em mim um espelho
Minha alma chora quase parando
Os olhos se secam e cicatrizam
Os pensamentos se distanciam
As possibilidades dependem das vontades
Meu coração bate
E minha alma chora

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Caminhar

Não vou me deixar pela dúvida perder
Já sei o que posso e o que quero fazer
Abrirei as janelas antes do amanhecer
Para que toda a luz solar consiga aquecer

Tudo de bom que em mim está guardado
E que os ventos me levem novamente ao seu lado
Seja no mundo real ou no meu, inventado
Porque não aguento ficar tão longe ou parado

Também abrirei as portas de casa
Imaginarei a beleza e criarei minhas asas
E mesmo que me molhe a chuva desejada
Não apagará meu peito que arde como brasa

E estarei feliz pelo simples pensar
Em sair de mim para em você chegar
Segure minha mão e vamos caminhar
Sem pressa, sem medo, somente com o amar

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Brincar de trocar

Gosto de brincar com as letras
Mudar o sentido, transmutar
Trocar uma única vogal simples
E meu amor transforma-se em amar

Vejo palavras soltas no ar
E tantas outras presas no chão
Com um espelho é fácil visualizar
O “L” ao contrário do meu coração

E mesmo que pareça sem sentido
Há sempre uma mudança a fazer
Consoantes que buscam no infinito
Vogais para uma ligação estabelecer

E tudo se encaixa de maneira sublime
Mesmo assim eu não me canso de brincar
Diferenciar o sentido que algo exprime
Um “peixe no mar” vira “apaixonar”

Quando a ordem eu troco
E mudo o “e” para “a”
O “m” que sobra começa um sobrenome
Pro qual dedico o verbo que acabei de formar

Inacabado

E o lado ruim disso tudo
A pior parte de mim
Não quero deixar pra trás

A raiva do meu mundo
O medo que vem assim
Do possível que quero a mais

O orgulho que não me deixa
E o egoísmo impregnado
Estão trancados em mim

Roupas sujas, outra queixa
Desesperança. Um viciado
Em sempre prever o fim

Correntes e cadeados
Aprisionam tudo isso
Em um lugar escuro

E destrancam-se na frente
De um mundo movediço
O nada irrompe do tudo

domingo, 9 de janeiro de 2011

Tarde de Verão

Hoje eu vou me libertar
Deixar propagar-se a energia
Espalhar vibrações no ar
E absorver novas alegrias

Tornar-me-ei um com a natureza
Farei parte de uma floresta
Acharei pétalas de esmeraldas
Brotarão safiras na primavera

Ondas de sentimentos na atmosfera
Captarão novas emoções
Não haverá mais alguma espera
O divino inunda em diversas proporções

Plagiarei o amor dos apaixonados
Exaltarei a vivacidade da terra
Cantarei o desconhecido iluminado
Trar-te-ei comigo a essa nova esfera

Onde a calma será a lei maior
E o amor, a ordem suprema
A felicidade contagiará a todos
Nessa breve passagem, viverei a vida eterna

Madrugada

Senti vontade de escrever
Mas não tinha inspiração
“E agora, o que fazer?”
Foi minha primeira questão

A vontade cresceu
Mas não sabia o que falar
Então tudo esclareceu:
Deixe fluir, levitar

E as letras se encaixaram
E as ideias apareceram
A vontade saciando
O meu querer aparecendo

Não precisava ser difícil
Nem palavras complicadas
Simplicidade no início
A beleza anunciada

E o resumo é bem simples
Esse poema é todo seu
Assim como meu coração
Desde o dia em que te conheceu

O Guardião das Chaves

Controla o fluxo de entrada e saída
Detêm as senhas e chaves do castelo
Aquele que guarda com tanto esmero
As paredes de pedra da minha vida

O guardião que não se permite falhar
Faz suas refeições durante vigília
Como se estivesse preso numa ilha
Desprovido de barco e sem saber nadar

Acende um lampião durante a noite gelada
E cuida de tudo até o amanhecer
Repete dia após dia sem adormecer
Enquanto sua alma inquieta canta calada

O peso de seu ofício não o deixa pressionado
E com dedicação empenha-se mais
Para enfim descobrir do que é capaz:
Abrir o portão, libertar-se, apaixonado

Embalagem

Tempo de vento pra ventilar
A voz da vela que venta e que vai
E volta num velo que vem e que cai
Num verso de vento a versificar

E fica com força quando a voz afina
Fere com faca a fera ferida
Faz e desfaz fome e fadiga
E força com força a falta de vida

Emana com a mão o monte, a montanha
E de monte traz muita morte e matança
Desmonta o forte de muitas entranhas
A morte se finda no amor sem mudança

E acha na faixa de uma caixa fechada
Que encaixa sem marcha no brilho da mancha
E relaxa e abraça e descalça e desmancha
“Que ache o amor, presente e lembrança”

sábado, 8 de janeiro de 2011

Presente Pra Você

Invejo a areia da praia e as folhas das árvores
Que livres são pra viajar sem direção
O ínfimo peso de seus minúsculos corpos
Permitem que o vento troque a estação

Invejo os pássaros e os morcegos
Que possuem asas para no ar pairar
E podem simplesmente alcançar o céu
E, num piscar de olhos, descer ao mar

Invejo a mim mesmo e a minhas vontades
Porque tenho consciência do que eu sou
E mesmo assim me pego desejando
Desintegrar-me para me desfazer da dor

Queria te mostrar a praia e um bosque na primavera
As gaivotas e seres alados num arco-íris de cores
Queria desaprender a dor e acabar com a espera
E libertar minha essência num buque de flores

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

(Agradecimentos)

Hoje venho aqui somente, pelo menos por enquanto, agradecer a todos os novos seguidores, por todos os elogios e comentários sobre mim e meus poemas. 
MUITO OBRIGADO MESMO!
Não sei usar muito bem o blogger porque nunca parei pra "estudar". Pra ter uma ideia, nem sei como colocar foto/imagem em postagens. Por isso, queria agradecer desta forma a todos e cada um de vocês, em especial a Maria Helena a quem todos chamam de tia e até de mãe, pelo apoio, divulgação e até inspiração que ela me proporcionou.
Não to muito acostumado com isso, normalmente só alguns amigos mais próximos acompanham esse blog, mas tenham a certeza que eu li cada comentário várias vezes e me emocionei bastante!
Espero conseguir proporcionar tanta emoção com minhas palavras quanto as de vocês proporcionaram a mim.
E acima de tudo, obrigado!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

J...

Já tive sim há certo tempo um outro amor
Junto, bem perto do meu coração
Jamais esquecerei o sofrimento que causou
Jurado, eu pensava, estava à solidão

Jejuei durante anos, o sabor de uma paixão
Justifiquei minhas derrotas, mesmo sem ter explicação
Justamente quando conheci você, consegui então
Juntar todos os cacos quebrados do meu coração

Jantei o jantar à luz de velas de um amor
Jardinei o meu jardim visando uma única flor
Jorrei de emoção quando senti a dor e
Juntei tudo que é belo em uma única cor

Joguei mais uma vez o jogo sem saída
Jurei definitivamente a você a minha vida
Juramentei enfim tudo o que eu queria
Jamais te perderei, como mulher ou como amiga

Meus Motivos

Não escrevo simplesmente para expor ideias
Nem para comtemplar ideais
Escrever se tornou um filme sem plateia
Onda minha vida muda cada vez mais

Aparecem pessoas que entram na tela
Ou que devagar nas poltronas se sentam
E elas contracenam com choros e velas
Sorrisos e acenos, mas não encenam

São de verdade. Sobra-me mudar o roteiro
Incluir papeis, mudar personagens
E enfim me jogar por inteiro
Nessa bela arte de palavras, magia e paisagens

Escrevo verdadeiramente porque gosto
Porque sinto prazer dentro disso
Escolho palavras, realmente me esforço
Mas só exponho sentimentos com isso

Alterno sim em diversos estados
Amor por inteiro, alegria total
E quando percebo tudo se transforma
Em tristeza constante, fora do normal

Entre os extremos, há o vazio
Que faz falta na própria falta
Mas agora, o que importa são os fios
Que do tecido representam a alma

Refiro-me às pequenas coisas, aos detalhes
Aos gestos de amor e carinho do cotidiano
Não aqueles que são feitos sem ingenuidade
Mas os puros, quando não tem ninguém olhando

E como prezo essas pequenas coisas
Espero do fundo dos meus sentimentos
Que essas pequenas palavras despertem o amor
E o carinho na vida de quem está lendo

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"A" de Amigo

Adepto sou da ordem inversa
E ao contrário vivo a escrever
Mas começarei do meio, vez desta
Porque final, não há de haver

Engraçado ir para o meio
Já que o começo agora me persegue
Letra a, o início do alfabeto
Agora, minhas palavras são dela que seguem

“A” de amor, “a” de amizade
“A” que em minha vida entrou
Pra ser um amigo de verdade

Um “a” angelical
Que mesmo em discordância
Trouxe-me à lembrança
O valor de ser humano

Porque erro junto com ele
Critico e não entendo
Como tão diferente sendo
O laço fortalece com o passar dos anos

E encerro lembrando-me do começo
Há anos, nem te reconheço
Você é demais pra mim
Mais até do que eu mereço

“A” de afeto, “a” de amar
Mesmo quando o fim estiver próximo
É do “a” que não vou deixar de lembrar

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Devaneio

Escuridão
Sozinho numa noite gelada
As lembranças em minha mente
As vontades apagadas

Vazio
As batidas rígidas do coração
As lágrimas que já secaram
O frescor no rosto. A solidão

Esperança
Na família que irrita
Nos amigos que decepcionam
No amor distante
Na dor vivida
Na solidão em meio a um mar de gente
No vazio em meio a um oceano de sentimentos

O que restou foi esperar
Não preocupar com a forma
Nem com a disposição
Nem com as palavras
Nem com as pessoas
Nem com a indecência da vida
Nada

O que restou foi esperar
O amor voltar a pulsar
Como nunca antes
E libertar o que há muito estava morto
E reviver o que estava preso
Aquecer as noites frias
Trazer de volta a alegria
Aumentar a dor
Espantar o rancor
E fazer voltar 
O sorriso no rosto
Por quem para mim sorrir
E por se só sorri em si