sábado, 16 de julho de 2011

Zumbido

Parecem agulhas se chocando, perfurando
Um som distante e grave, um zumbido
Talvez o soar das asas de um mosquito
Uma corda desafinada ao longe vibrando

Transbordar de uma água limpa e salina
Tremor do pouco ferro e frágil cálcio
O que dirão da última flor do lácio
Que em meus dedos morre cristalina?

De certo as auroras saltam distante
E o inverno permanece presente
Perfurando seu perfume penetrante

Em pelos e peles agora ausentes
Em ti vivo a pensar a cada instante
Um refém do que meu coração sente

domingo, 10 de julho de 2011

Febre

O que está acontecendo comigo?
Meus olhos apontam para o horizonte
Dias de meses atrás; parece que foi ontem
Todo o meu corpo se tornou um abrigo

De algo estranho, que me faz sentir calor
Apertar meu peito, gelar minhas mãos
Perder-me no tempo e na respiração
Prolongar os minutos de prazer e dor

Não quero sair da cama, muito menos acordar
Nem sono, nem vigília, simplesmente sonhar
Por nos sonhos sempre te ter ao meu lado

Essa febre gostosa se alojou no meu ser
Roubou tudo aquilo que me fazia sofrer
Pra de um sofrimento de amor ser por inteiro tomado

sábado, 9 de julho de 2011

Tesoura

Uma espera que me desespera
Doce quimera, mais que invenção
Pela janela um sorriso em uma tela
Beleza singela, meu coração

Pulsa tão forte na arte do corte
Grande é minha sorte, não ser ilusão
Desfaz a vergonha e fora da fronha
Vê o que sonha na palma da mão

Inocência junto à maturidade
Olhos atentos, cobertos de luz
Fazem-me refém maior da verdade

A puros sentimentos me reduz
Sinto-me dento de uma cidade
Onde o seu sorriso é quem me conduz

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ainda

Deitei no teu sorriso
E a sombra projetou-se depressiva
Numa onda de culpa
A luz invadiu-me e quebrou-me em pedaços

As penas caem lentamente
Dançando no ar
Desfazendo suas asas
Fazendo-me voar

Um olhar irrompe do vazio
Confundindo os sentidos já confusos
E as lágrimas descem –
A agonia se manifesta

Tudo passa, quase tudo
Passa quase, tudo tudo
O quase, o tudo sempre passa
Quando estou sob tuas asas

Perdi; perderei
Senti sozinho, não sentirei
Sob teus braços, amei
– Amo; amarei