sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

(Desejo) Poema de Fim de Ano

Hoje eu me dei conta que não é tão difícil
Não é tão complicado, nem tão impossível
Voar está sim ao meu alcance, aqui e agora
Basta pensar em você, tudo se transforma

O que realmente importa nesse momento
É o amor, é você em meus pensamentos
Não nego que apaixonado estou, em suas mãos
O que me dá forças é você, realidade ou ilusão

O céu ficou mais perto, aprendi a nadar
A natureza parece mais bonita
Você está em minha mente,
No meu coração e no meu olhar

Meus problemas somem quando estou ao seu lado
O tempo voa, congela, meu coração dispara
Um sonho se realiza e me ocorre uma fala:
Obrigado, com você eu amo e me sinto amado

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Transcendência das Nuvens

Acordei cedo e vi o céu cheio de nuvens
Branco, por inteiro, emanando calma
E gotas d’água que caiam retirando a ferrugem
Levemente, que há muito se prendia na alma

Não é um tempo alegre ou triste
As nuvens no céu só ali permanecem
Na inércia de tudo, e o que persiste
São os devaneios de quem não se esquece

Cobrem nossas vidas quando aparecem
Lavam nossos corpos quando descem
Renovam o ciclo da vida, e ainda são
Nuvens de algodão que as crianças merecem

Não exigem coisa alguma
Mas trazem reflexões de uma vida
Esteja esta certa, errada, ou na dúvida
Nuvens lá no céu, o ponto de partida

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Rejeição

Cinza
Da cor da fumaça que polui o ar
Da cor do vazio que se apossa do ser
Do meu ser
Toma conta e evolui dentro de si mesmo a se consumir e se expandir
Rouba as cores, as dores, os amores
Leva tudo embora
Estático
Um movimento incerto
Um ciclo interminável de começo imprevisível
Dualista
Como água volumosa que dá vida a uma cachoeira e que inercia uma lagoa
Esse vazio que irrompe de circunstâncias inexplicáveis
De uma simples frase
De um poderoso gesto
O vazio que brota, planta e colhe a si mesmo
Hoje, esse vazio reina
Não sei se porque deixei, ou porque desisti
Porque me magoei, ou magoaram a mim
Porque não me expressei, ou riram de mim
Porque amei errado, ou porque meu amor não tem fim
Porque ele é grande demais e criou o vazio pra tomar conta quando minha mente enfraquece, o coração padece, as palavras não mais aquecem, o pessimismo engrandece e tento colocar um fim em mim
Não sei
Esse vazio me destrói
Mas, hoje, é a única coisa que me mantém vivo

domingo, 26 de dezembro de 2010

A Fração de Segundo Eterna

Comparo porque não encontro palavras pra demonstrar
O que sinto por você; não sou capaz de expressar
Imenso, vívido, calmo e poderoso como o mar
Amor do tamanho do universo, talvez isso seja exagerar

Não tenho capacidade pra medir ou guardar
O que tenho dentro de mim, é seu, só pra te dar
Não há barreiras, não há fronteiras, é só amar
O que consigo, o que preciso, somente em você pensar

Óbvio que é mais forte que eu, não há nada que eu possa fazer
Não penso na possibilidade de lutar, já sei quem vai vencer
Dúvidas são enormes, mas não mais me importo se perder
A certeza é uma só: a minha vida é amar você

Pessoas

Arte, poesia, suavidade
Na música que produzo
Nos perfumes que uso
O sabor de uma amizade

Em páginas ricas e volumosas
Conhecimento irresistível
Valor eterno de um livro
O prazer em uma mente amorosa

Os imprevistos fenômenos naturais
A chuva, o vento e o mar
As nuvens que pairam no ar
Perfeição, onde o amor jaz

Família, amigos e amores
Homens, mulheres, animais
Enxergo até onde o infinito vai
A beleza em todas as suas cores

sábado, 25 de dezembro de 2010

A Ela que Sorri

Se mostra pra mim em invisível
Cores imperceptíveis, inodora
Na tristeza de um dia gelado
Em morangos, cerejas, amoras

Aparece em lugares quentes
Perto do sol, ardendo, queimando
No paladar dissolve o gosto doce
Por vezes amargo, estou amando

Em tempos de frio surge ao longe
Congelando, aquecendo, vibrando
É ela a quem chamo de amor
Vida, paixão, glória em pranto

No abrigo de uma saudade insuportável
No peito de cicatrizes coberto
No leito de um rio intermitente
Nasce o amor, o futuro incerto

Expande caminhos, abre horizontes
Amplia a visão, faz o mundo colorir
O viver se torna uma simples questão
Fazer o impossível pra te ver sorrir

Meu Sonho

Seu perfume tomou posse do meu olfato
E agora tudo que faço é seu cheiro sentir
Seu jeito meigo roubou meu coração
E sem dizer não, entreguei-me a sorrir

A paixão reinou e o amor apareceu
Minha vida floresceu no jardim de prazer
Sua boca me apresentou ao céu
Mais doce que mel, pertenço agora a você

Escravo tornei-me por própria vontade
Pra mostrar que a felicidade, de junto estar
Com quem realmente amo
É tudo que reclamo, realizada, é meu sonho, você estará

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Da Luz ao Adormecer

A água que passa
O vento que abraça
O fogo que arrasa
O peito a bater

As chamas incertas
As gotas singelas
A brisa à espera
De um cabelo pra mexer

"Fios que pairam no ar
Encantam meus olhos
Vivem a voar"

Roupas largadas
Pele molhada
Amor na madrugada
E ao amanhecer

Uma vida a nascer
Duas a amar e viver
Três a juntas crescer
Até o último anoitecer

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Estática

Acontecimentos supostamente ao acaso
Que alteram os supostos destinos
Nada mais são que vontades

A vida se conserva e se renova
Sempre buscando unir o que passou
E o que ainda estar por vir

Uma pincelada de realidade dentro
De uma tela imaginária
Resume o quão sublime é o pensamento

Na estática da vida, os sentimentos fluem
A alma se engrandece
Quando se encontra em movimento

O paradoxo do viver e existir
Os sentidos que se enganam
E as forças que parecem inexistir

São grãos de areia, gotas d’água limpa
Pequenas porções de terra
Num infinito universo de vida

Infância

Lembranças vagam na memória, já incerta
Envelhecida, porém, para o amor aberta
Nostalgia. Um passado mesmo sem glórias
Detém uma vida, conta uma bela história

Bela em que se diz o desenho do passado
Linhas tortas, irregulares. Um coração calado
Que contudo pulsa e liberta a imaginação
Mesmo com a morte à espreita, forças faltam-lhe não

Uma mente e um coração, dentro de um único ser
Sentado a olhar o céu, como um pássaro, renascer
Voltar à juventude, não é mais um constante desejo
Quando eu me sinto livre, na ternura do seu beijo

Se o fim fosse agora, iria em paz, realizado, feliz
A vida nos deu muito tempo, transcenderemos como um giz
Que num quadro se desfaz, ensina o começo e vira pó
Lerei isto pra você, quando no fim estivermos a sós

Prelúdio da Felicidade

Estreitar os caminhos e fortalecer os laços
Que seguram firme o que é importante
Não é só um desejo dos homens fracos
A vida tornou-se mais que relevante

É sagrado o que é raro, concreto e real
O certo na verdade, é ilógico, individual

Implícito na personalidade, exposto na razão
Sucesso e amizade, o destino é ilusão

Abraça uma causa, apaixona-se por completo
Arde nas chamas que trazem a vida
Vai ao encontro, busca o incerto
Felicidade em estar com alguém, coisa mais linda

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Meditação

Meditação, inspiração, contemplação
Admiração pelas trevas da razão
Paixão, ostentação, realização
Luminosidade incandescente do coração

Descrição, discrição, sabedoria
Alegria por estar em agonia
Felicidade durante a noite tardia
Sem você, minha mente esvazia

Estremece, umedece, não esquece
Espera até que você regresse
Porém não mais se entristece
Felicidade novamente aparece

Céu estralado, jardim florido
Um grito calado, um sentimento polido
Pendurado no mastro sem nunca ter sido
Pelo vento balançado, um amor escondido

Realidade

Encantado pela beleza do interior
Que se propaga como a brisa na praia
Meus olhos teimam em ver amor
Nos seus olhos, minha mente dispara

Em pensamentos incessantes
Frenéticos por te querer feliz
A energia do sentir faz-se vibrante
Por entre palavras que me fazem sorrir

Inundado nesse oceano de sentimentos
Perdido em meio a um doce deserto
Afogando em águas salgadas e ventos
Que trazem você cada dia mais perto

Alegre por te fazer sorrir
Feliz por te ver feliz
Real porque me faz sentir
Apaixonado, vivendo por um tris

Riqueza

Cristaliza pedra rica
Joia rara cristalina
Se comporta como um prisma
Na vida que ilumina

Riqueza que demonstra
As cores que contem
Lapidada como concha
No mar que a retêm

Pérola incomum
Um rubi, um diamante
A riqueza que reluz
Vem do centro, sempre errante

Decompõe as sete cores
O arco-íris de uma flor
A pedra linda que tem dores
Um coração cheio de amor

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Violão

Madeira recortada suavemente faz ecoar
O som das cordas que percorrem o braço
Onde a pele dos dedos desmancha ao fazer vibrar
Do violão, cordas duras como aço

O som que emana solidões e amores
As cordas que dançam incessantes
Os dedos que se ardem em dores
E as vozes que gemem sussurrantes

Num canto vazio, onde o mundo termina
Emana o som do vazio interior
Que corta a alma quando ilumina
Os acordes feitos numa lira de amor

Percorrem rápidos, tocam ligeiros
Vibram elásticas e produzem a voz
Que não tem palavras, mas diz por inteiro
O que sente a alma do “eu” sem o ”nós”

Muda de ritmo, muda de tom
Alivia a dor e causa deslumbramento
Transforma o mundo na velocidade do som
Meu violão, meu amigo instrumento

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

(Futuro) Utopia

Não faço a menor ideia de como será minha vida daqui a um ou dois anos
Mas tenho fé que sei exatamente como será daqui a algumas décadas
Não falo da minha situação financeira nem da minha aparência física
Sei que vou mudar... Mas a maior mudança não vai aparecer
Amigos que hoje valem minha vida, acabarão simplesmente indo embora
Não haverá tempo para o adeus
Mas espero que nada afete minha memória
Quero recordar tudo que vivi, por mais doloroso que seja
A maior dor sempre estar por vir
E o melhor da vida, geralmente já passou
Previsões são tão absolutas como o universo
Apesar de tudo, sei que isso pode ser apenas bobagem
Porém, vejo que o importante na vida, ou pelo menos na vida de hoje
Não permanece pra sempre perto
Nem a mãe, nem o pai, nem os irmãos
Nem os amigos
Os que vão por conta própria, às vezes, não são muito diferentes dos que vão sem se despedir
O que dura pra sempre, só dura porque não houve tempo suficiente pra se destruir
O único desejo verdadeiro que tenho agora é encontrar alguém que me faça desacreditar disso tudo... E que seja pra sempre

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Morte e O Sono

Sonhos despedaçados
Ideais corrompidos
Desejos inalcançáveis
A vida dilacerou o que
Estava dentro da cabeça

Pessoas mudaram
Amores passaram
Raivas constantes
O desespero é apenas medo
Condensado na raiva

A justiça falha
O amor é utópico
A transcendência
É inevitável
E desejada

É compreensível
As dores, os medos
Os suicídios
A descrença
A falta de esperança

O que falta
Pode nunca chegar
E o que está aqui
Poderia
Ou poderá não estar

Não importa os motivos
Nem as consequências
O que vale é o que é certo
Mas há uma solução para tudo
Existem dois botões de desligar

A Estrada do Vento

Aqui nessa estrada de terra, barro e areia
Eu caminho sem destino ou expectativas
Larguei tudo e fui em busca de uma sereia
No deserto inundado de cores passivas

Caminho, olho e vou, sempre em frente
O que não veio comigo está na memória
As noites sombrias invertem os dias quentes
E nessa estrada eu construí uma nova história

Sinto-me leve, respiro o ar puro e caminho
Continuo a caminhar, sem pensar, sem sentir
Caminho sem precisar de amor ou de carinho
Sem raiva, sem ódio, só preciso existir

Avistei há uns dias uma bela sereia
Mas percebi que já não era esse meu objetivo
A liberdade de estar sozinho devaneia
Em minha mente e leva embora meus sentidos

Na calma e tranquilidade está a resposta pra tudo
Não há mentiras nem verdades, só o vento
Que leva o que não presta pra fora do meu mundo
A serenidade tornou-se o meu alívio e sustento

Minhas pernas não doem, não sinto mais fome
Estou completo, mesmo distante e sozinho
Mesmo que isso seja apenas um sonho enorme
Essa estrada é realmente meu caminho

Provavelmente é isso que chamam de Deus
Eu acredito que Ele existe e está bem perto
Quem sabe na brisa estejam os sonhos meus
Que Ele mostrou-me que não estavam certos

Não tenho mais desejos ou vontades
Tudo que restou foi o respeito e a calma
Caminho, caminho, com serenidade
A paz foi trazida pelo vento até a minha alma

À Alguém num Passado Não Tão Distante

E eu me lembro daquela vez
Que você sorriu
Quando me viu
Dizer que eu te amava

E ainda da vez que você me
Chamou de ignorante
Quando eu disse que não
Estava pra ninguém –
Exceto, pra você, é claro

Você riu de novo quando eu disse isso
Ah! Eu me recordo daquele tempo

Não sei se infelizmente
Nossos caminhos se afastaram
Nossas vidas mudaram
Meus sentimentos também

Não esqueço o quanto foi difícil
Nem o quanto eu sofri
Por você. Por você

Mas tenho a certeza que hoje
Mesmo outrora feito em pedaços
Meu coração continua batendo

Talvez isso não te interesse mais
Mas, quem sabe um dia a gente se encontre
E eu te conte
Que ele agora bate
Por um novo “você”

Talvez você sorria de novo,
Me deseje sorte e
Siga sua vida

Eu não te desejarei sorte,
Pois você não precisa dela
Mas agradecerei por tudo que aconteceu
E seguirei em busca
Do meu novo “você”

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sem Alma

Os ponteiros pararam
E com eles, estacionou-se o tempo
Senti novamente a destruição por dentro

Os pensamentos cessaram
E vieram os questionamentos
Senti mais uma vez a destruição por dentro

Percebi o quão longe você estava
E minha alma quis trazer você de volta
E então, saiu do meu corpo a procurar

O tempo passava e ela não retornava
Talvez, quem sabe, tivesse sido morta
Ou não havia conseguido encontrar

Pensei finalmente em desistir
Mas surgiu uma ideia que tudo resolveria:
Sem alma eu poderia continuar a viver

Desde que eu fosse eternamente dormir
E ainda assim, de amor sobreviveria
Com minha alma sempre olhando você

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aqui

Não sei mais o que fazer
A vida me tira do sério
E eu tiro de mim mesmo
Todas as possibilidades

Não compreendo o porquê
Mas sei que é culpa minha
Talvez a distância entre nós
Seja apenas minha imaginação

Não consigo escrever bonito
Não consigo expressar minha dor
O que eu quero está longe de mim
O que eu preciso está com você

Não tenho certeza disso
Mas quero que isso seja verdade
Minha mente se confunde
E a concentração se esvai

Quis esquecer tudo, e,
Quando finalmente consegui,
Percebi que não havia sentido
Em não me lembrar de nada

Quando esqueci você
O meu único desejo foi
Esquecer que eu tinha esquecido
E não tornar a esquecer

Percebi que o certo
Não era desistir disso
Mas morrer tentando
Mesmo isso sendo um plágio

Não voltarei a esquecer
Mesmo que isso mate
O que sobrou de vivo em mim
Que nem das outras vezes

Mesmo que não seja diferente
Mesmo que no final não dê certo
Mesmo que não aconteça
Eu não vou esquecer você

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sua Casa

Avistei, pois, uma enorme casa
Verde e lilás de aparência calma
Onde havia mistérios
Que pulsavam sérios
Como se desprendessem da alma

Atribuí-lhe um nome
Que não mais me recordo
Vultos cintilantes
Voavam errantes
Sobre o barco comigo a bordo

Aproximei-me sorrateiramente
E nela fiz morada
Senti um vazio no peito
Que nem um carro no leito
De um rio que inunda a estrada

Dela saí e não olhei pra trás
Senti que lá deixava um pedaço
Igual ao que eu te entreguei
E nunca mais recuperei
Que até hoje me perfura como aço

Terceira Pessoa

Olhei. Observei durante toda a vida
Parei. Pensei em tudo que queria
Imaginei. Como o mundo seria
E me apaixone. Com e por você

Refleti. Cheguei a várias conclusões
Escolhi. Não tomei nenhuma decisão
Esperei. Sua chegada em meu coração
E notei. (Que) Causou a melhor transformação

Dúvidas chegaram pra ficar
Tornaram-se parte de mim
Não pensava em novamente voltar
A respirar e sentir-me assim

Não consigo decidir ainda
Submerso em um mar de pensamentos
Talvez até eu nunca chegue a dizer
Que nesse mar, vejo você a todo momento

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Passado

Desisto daqui
Desisto desse lugar
Desisto de existir
Desisto de lutar

Por tudo que só é certo pra mim
Por quem só enxerga com os olhos
Por uma estrada que não tem um fim
Por quem não enxerga que eu olho

Fraqueza e angústia não matam
E o pessimismo é só uma vertente
Do otimismo que desacredita
Das dores sensível e latente

Pensamentos consomem e corroem
Desilusões expõem a fragilidade
A dor, o ódio e a saudade
De quem um dia amou de verdade

domingo, 28 de novembro de 2010

Segredo

Protege-se do sofrimento
Causado pelo esquecimento
Ou talvez pelo deslumbramento
De novamente sentir

Guarda para si o segredo
Que está em seu plano primeiro
Como a chama de um isqueiro
Que acende sem depender de si

Renasce como uma fênix
Das cinzas do coração
Outrora feito peão
Pela rainha que comanda a dor

Renasce o amor incondicional
Que alterna em ser ou não racional
Mesmo pouco convencional
Guardado, ainda assim é amor

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Reflexo

Eu vejo de longe
A imagem refletida
No espelho da sua vida
Onde minha imagem se reflete

Nidifica-se e esclarece
Nas lágrimas contidas
No pessimismo ali presente
Em ambas nossas vidas

Cópia quase exata
Beleza, porém intacta
Extravasa a alegria
E raiva quando assustada

Grita e esperneia
Mas dos problemas não se alheia
Preocupa-se e ajuda
Até quando não há cura

És espelho, espelho meu
Confia, conheço-te tanto quanto a mim
Quando seu mundo desabar
No meu poderás refugiar-se enfim

Em nós

Ecoa do vento a voz
Expulsa a solidão
Floresce a razão
Acelera o coração
Quando o eu transforma-se em nós

Ascende ao céu e voa
Da planta a raiz
Da vida a matriz
O sentimento feliz
Que de sua alma emana e ressoa

Joga-te e não olhes pra trás
Nadando no fundo
Deste planeta imundo
E cai em sono profundo
Pra conservar a beleza que em ti jaz

Reflete passado, presente e futuro
Seus olhos escuros
Que mesmo maduros
Enxergam como puros
Os dizeres que em você mora o meu tudo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Poeira

Grãos de areia flutuam no ar
Sobem, descem e pairam
Poeira que vive a passar
Lembram o que vem de dentro

Poeira que voa, ilumina-se
Luzes que mudam de cores
Como corações mudam os amores
E machucam o peito por existir

Luzes que trazem prazeres
Tristezas e dores. Sabores.
Intenções que se mudam nas cores
Grãos de poeira e areia

Grãos que na praia se deitam
E no vento voltam à vida
Na água mudam o gosto
E na vida mudam os ventos

Mudanças que ocorrem no tempo
No hoje que acaba no amanhã
Amanhã que começa depois
Que o ontem raiou de manhã

Dias que mudam destinos
Palavras que mudam os dias
Olhares que mudam as palavras
Olhos que mudam os olhares

Sensações que movem lugares
Vontades que mandam nas vontades
O que manda em mim de verdade
É a simples palavra “você”

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Euforia

Alegria não é passageira
Por isso, és eufórico
Perdeste o sentido
Não só um; todos

O que fazes pra ocultar
E o que fazes pra esquecer
Deixam-te mais pobre –
Nem todos conseguem ver

Mas, não caias em desespero
O que ficou pra trás foi mais que mágoas
Seus olhos mostram a imperfeição com que vives,
sentes, pensas, choras
Nada disso faz de ti real
Não importa o quanto tentes esconder

Perdeste a chance de ser quem deverias ser
Agora tens apenas
Não tens nada
Tens apenas o que precisa
Para não sentir mais nada

Não enxergas que tua vida te condena?
Acorda-te, levanta-te
Torna teu ser um novo homem
Onde cada lágrima contenha toda dor outrem guardada
E cada sofrimento outrora sentido

Para quem te vê
Não é tão complicado
Mas não te entendem não é?
Precisas criar alguém para falar contigo mesmo
Sabes que o que vem te deixando cada vez mais vivo
São as palavras não ditas
De quem te deixa cada dia mais morto

Não tenhas medo
O fim não começa agora
Pelo menos não por enquanto

Invisível

Você não sente o que eu sinto agora
Minha dor não é visível para seus olhos
Lindos olhos que mostram alegria
De não precisar sofrer quanto os meus

Se sangrasse seria mais bonita
Se aparecesse seria mais real
Se existisse seria de verdade
Mas é inventada a minha dor –
Não é carnal

Se ao menos meus olhos conseguissem
Fazer dos seus menos brilhantes
E não me perder por entre o céu contido
Em cada gota cheia de vazio
Que suas lágrimas expressam

Se ao menos suas lágrimas caíssem
Se ao menos eu pudesse arrancá-las
Mas sou fraco, muito fraco
Pois não encontro nem as minhas pra chorar

Se dói tanto, por que sempre passa?
Se não é real, por que me afeta?
Sim, tudo isso é real e dói de verdade
E os horizontes apontam para o nada
Contido à frente dos seus espetáculos de cores

Se pelo menos eu pudesse
Se pelo menos a dor viesse
No momento em que eu definitivamente conseguisse
Dizer-te que em teus braços
Ela seria tão grande que iria curar-se
E não mais com dor viveria
Mas ela comigo
E eu com você

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Do que Existe

Não é pelo vento que sopra lá fora
Muito menos pela vida que não se demora
Todo esse medo é indiferente
Ou até, quem sabe, inexistente

Disfarçar o que não se sente de verdade
Não é mais que medo de admitir a saudade
De tudo que não foi visto ou presenciado
Seja na vida, na morte, ou no pecado

O que se tem de concreto e verdadeiro
Não pode ser visto por nenhum estrangeiro
Daqueles que moram distante da alma
E que não têm em sua existência a menor calma

Pois apreciar o que não existe
Confunde o sentido de sentir –
medo que vive e persiste

Não há saída quando não se admite o erro
Ou estás vivo por alguém, ou estás vivo por si mesmo