quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte XII)

que não merece mesmo tal tratamento,
pois nada de errado fez, tem certeza
por ter passado por esse tormento
de se perder. Roubaram-lhe a clareza

do olhar ingênuo que não mais existe.
Mas ele foi o pior de todos, sim, foi ele
quem tirou-lhe o desejo de viver. Persiste
só a mágoa, o estrago que veio dele.

Pedras duras que quebraram sua janela
e seu coração ao nem mesmo acertá-lo.
Pedras afiadas, juntas, sua quimera

que tanto machucou os seus calos.
Pedras inexistentes, foi sua espera
que na verdade a derrubou do cavalo.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte XI)

Apaixonada estava e assim permaneceu.
Seu encontro foi digno de recordação,
pois, mesmo após o tempo que perdeu,
diante de si tinha alguém cuja mão

pronta estava para retirar a aparência
delirante de quem vive na prisão mental.
Aquele homem era arte e ciência,
experiência única, fora do normal.

Mas algo de estranho a incomodava:
nada é tão fácil assim como parece.
E no início da manhã como já esperava

acordou sozinha, mesmo depois de sua prece
por uma vida feliz com alguém que amava.
Seu amado se foi, ela sente que não merece...

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte X)

Eis que surge um homem diferente
com olhos iluminados, vívidos e cativantes
uma barba bem feita com pelos bem rentes
e jeito único de quem veio de lugar distante.

Não houve nada a fazer, já estava acertado.
Mesmo não acreditando em contos de fadas
seu coração foi fatal e totalmente tomado,
pelo príncipe encantado foi desarmada.

E mais uma vez obrigada a se renovar,
pois paz não havia em como estava levando
a vida promíscua de se perder e se dar.

Vestir seu mais belo vestido a foi deixando
saudosa; vibrante; e com falta de ar.
Pronta pra seduzir, estava de fato amando.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte IX)

Não houve unicidade por tempo longo,
pois aquele rapaz estava em viagem.
Novos rapazes chegavam antes do sonho
e logo se iam sem ter nenhuma imagem

definida aos seus olhos verdes sonolentos
ao acordar com o grande vazio ao seu lado.
Nem ao menos se importava com os acentos
que por vezes nas peças ficavam desocupados.

Era apenas uma fase, uma possível vingança
contra tudo que a prendia com duras algemas.
Era como ter em segundos uma leve lembrança

do ser inocente crente em almas gêmeas,
mas que no fundo sabia que era de criança
esse sonho ideal que há muito a drena.

domingo, 22 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte VIII)

As poucas horas que decorreram após
o seu sono pareciam uma eternidade.
O momento em que ambos estiveram a sós
foi sorrateiro, ignorando a idade

das fronhas e lençóis velhos, desgastados.
Os lábios se tocaram e a partir de então
uma explosão de sentidos desgarrados
impregnou o seu quarto com o cheiro da paixão.

Foi tudo tão mágico e tão diferente
que nem sabia que o pensar do tempo
em que se privou de viver, indiferente

a todos que a cortejavam. No seu templo
permitiu de uma vez que se fizesse presente
o gosto pela vida e o amor de momento.

sábado, 21 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte VII)

Eis que surge bem no fundo do seu ser
uma força estranha que a toma os sentidos.
A pureza daquele rapaz fez enlouquecer
o seu ventre, mais do que pronto para senti-los:

os dedos que em sua face tocavam gentis
até à sua mão desceram velozes.
Mal sabiam que já estavam por um triz:
entre o fiel amor e os desejos atrozes.

Ao fim da madrugada os lábios tremiam
de enorme vontade de sentir um ao outro,
mas bem lá no fundo ambos sabiam

que era o primeiro encontro, quem sabe noutro.
Carícias trocaram e no que se despediam
a promessa de um novo foi a chave de ouro.

A Mulher de Janelas Quebradas (parte VI)

Sai pelas ruas iluminadas tarde da noite
ao som de violeiros tocando serenatas.
Belos rapazes, prontos para o açoite
de virgens damas que vivem sentadas

em suas varandas assim como ela mesma.
Mas já estava prevenida contra todo o mal
que por ventura viesse rápido como uma lesma:
imperceptível. Aos olhos de um homem normal

aquela moça seria alguém espetacular,
pois seus olhos emanavam grande vontade
de às descobertas do amor se entregar.

Mas foi um rapaz puro e sem maldade
com quem mais se encantou. Conversar
com ele lhe trouxe grande felicidade.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (parte V)

Seu relógio marca a queda das estrelas
dos seus olhos ao não tomar coragem.
Lindas estrelas cadentes, poderia tê-las
vindas de outro céu ou de alguma miragem?

O rapaz com livros que por sua janela passou
não mais voltará, mas não há problema nisso.
O sono sempre chega como quem gostou
de caminhar sozinho à noite, correndo o risco

de só chegar pela manhã, quando já é tarde
e não adianta pedir carona a qualquer estranho.
O único desejo ao despertar que em seu peito arde

é conseguir de uma vez sair depois do banho
e deixar que a vida e a noite preencham a parte
de si que urge para achar um amor do seu tamanho.

A Mulher de Janelas Quebradas (parte IV)

Já não aguentava mais controlar, se conter.
Não fazia sentido algum esperar pelo nada.
Seu corpo estremecia, louco pelo prazer
de um simples toque, andar de mãos dadas

não era feio, não, muito pelo contrário;
bastava apenas uma pessoa que lhe pudesse
fazer vestir o belo vestido do seu armário
e que sereno, um terno beijo enfim viesse

para arrancar de si toda essa solidão
que até hoje persiste por outros motivos.
O olhar da janela sem sua percepção

cruzou com o de um dono de livros
que por perto passava. Decidiu então
que ele teria chance de falar ao seus ouvidos.

A Mulher de Janelas Quebradas (parte III)

Mesmo encantada não se entregava
àqueles que o seu frágil coração exigia.
Sentia-se princesa, pura e imaculada
com toda castidade em constante vigia.

Não era obrigada por família ou igreja,
pois sozinha vivia e de si tomava conta.
Não se permitia o deleite de uma cerveja
ou de qualquer peça que seu seio ainda aponta.

Era apenas vigília e estática, eterna calmaria
nas noites geladas que sua alma cortavam
como foices enferrujadas. Que mal faria

sair à janela e ver aqueles que passavam
com sorrisos sinceros? Que mal isso faria?
Era a sua sombra, seus sentidos choravam.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (Parte II)

Há bem mais de uma década não se via
olhos tão tristes, sem brilho e razão.
Na época de vários breves e fortes sabores
que não passavam de uma juvenil paixão

por tudo aquilo que a vida oferecia:
beleza barata e de fácil conquista.
Ah, não era nunca por esses rapazes
que palpitava seu coração na pista

de dança, sempre entupida de adolescentes.
Um amontoado de pessoas estranhas
com roupas sujas e frases indecentes

que por si só embrulhavam suas entranhas.
Os que a despertavam eram como os recentes
homens gentis, de incríveis façanhas.

sábado, 7 de dezembro de 2013

A Mulher de Janelas Quebradas (Parte I)

Não teme a espera de um dia melhor
pois é certo que dias melhores virão.
Não porque tudo se acerta no fim,
mas por não poder piorar, viver em vão

só faz sentido ao pensar em toda a mágoa
guardada pelo seu fiel amado. Traidor.
Ilusionista de faces portadoras de sol;
ladrão inconsequente de todo o seu calor.

Não, não teme nem um pouco a espera,
muito menos a dor que por ventura virá
ao sair de dentro da sua imaculada esfera

de proteção que fizera em si ao pensar
que tudo é questão de tempo. Não era
pra si mesma que costumava se guardar?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Declaração ao final

Minha infinda fonte de delírios
Minha única cegueira voluntária
Minha profunda semente solitária
Minha joia, os palácios, mire-os

em sua sabedoria artística,
e encontre o trajeto mais súbito
de volta para os braços do seu súdito
que exalta a pureza da beleza mística

residente no fundo de suas pupilas
tão comuns de cores, mas que me admiram
com a raridade da visão tão angelical

que o teu olhar sutil emana
ao perder-se no horizonte que reclama
minha declaração de amor ao final.

Lema

De mansinho entra em cena
com o olhar esboçando pena.
Fosse de Maria Madalena
a expressão pura e obscena

no rosto de minha querida Helena
que lembra alguma atriz de cinema
a passear por entre as tremas
dos us que ela cria e encena.

E rema e assopra e assopra e rema
no vasto mar cheio de temas
de amor, de dezenas, até centenas

de desilusões e mais de mil poemas.
O sofrimento é sim uma pena.
Mas amar, ah, o amor é seu eterno lema.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Homem de Olhos Vermelhos (Parte VII)

pois em algum momento tudo se acaba
inclusive esses versos em poesia.
Clama por um céu diferente
o homem que aqui residia.

Acha graça nos quadros que pintou
sob a aurora da majestosa solidão.
Faz-se criança e idoso em músicas
o homem de tantos quadros e violão.

Inclina-se para deixar sua cadeira,
abandonar mais um quarto vazio
onde todos os dias eram apenas horas
pro homem de calores e frio.

Desperta então do sono profundo
onde já não mais podia tê-los:
os pesadelos já foram vencidos
pelo homem de olhos vermelhos.

domingo, 1 de dezembro de 2013

O Homem de Olhos Vermelhos (Parte VI)

O que emerge do corpo é uma força
tão grande como uma explosão
num campo de sangrentas guerras;
num campo de concentração.

As folhas nascem, murcham e caem
em seus quadros desbotados.
O tempo que aqui é tão real
para si está totalmente enquadrado.

Pois então confundem-se os gritos
com os suspiros de uma criança.
Como se tudo, o que mais deseja
fosse aquilo que nunca alcança.

Mas o fim já está próximo,
fala por si a meta linguagem.
A vida ainda certamente presente
Inevitavelmente partirá em viagem...

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O Homem de Olhos Vermelhos (parte V)

Rasga as cartas e fotografias
espalhadas por todo armário.
Bota para fora toda a comida
ao ler os versos do seu diário.

Magnetiza a angústia ao escolher
o sabonete que sempre recorda
os dias de um passado distante
perdidos no vão de cada porta

fechada atrás de si mesmo.
O sofrimento não incomoda,
não tanto quanto o desprezo
que por si sentira outrora.

Mas os cortes já conseguiram
fazer da pele algo mais forte.
A vontade é apenas uma:
não depender mais de sorte.

domingo, 17 de novembro de 2013

O Homem de Olhos Vermelhos (parte IV)

Emergem das paredes manchadas
os quadros que retratam a loucura
de um ser em constante mudança,
de uma alma que detém a própria cura.

As unhas já estão aparadas
cortado o cabelo, barba cuidada.
Sapatos engraxados com zelo
mostram a fragilidade terna e acuada

vivida em ambos os lados:
em prantos, em tela e por dentro.
As calças rasgadas muito contrastam
com a cena em tal desalento.

O olhos se abrem uma vez
na profunda luz do meio-dia.
O homem sentado no quadro
é tão real quanto sua fantasia.

O Homem de Olhos Vermelhos (parte III)

Surge uma folha na janela,
o vento carrega-a, precioso.
Os laços que rodeiam as mãos
uma vez estiveram em seu pescoço.

A grama se cobre de verde,
o líquido evapora por si só.
As chaves no trinco da porta
se mexem barulhentas espalhando pó.

Mas o medo é sempre forte atrativo,
centro de gravidade imenso.
Enrijecem-se os músculos fracos
para mais uma vez o tormento

voltar a tomar conta do ar.
Os pássaros voam ao longe
na terra distante de fora.
Olha pra lá, pergunta "pra onde?".

O Homem de Olhos Vermelhos (parte II)

Não estão feridas as mãos
mas doem como luvas afiadas.
Há vinho pelos cantos no chão
somado às mágoas salgadas

em formas de lágrimas vis
vindas do fundo do poço.
Onde estará aquela beleza?
O sorriso daquele moço

envelhecido pela desesperança,
findado pela forte agonia.
Está certamente escondido
numa esquina em que uma sinfonia

executa uma obra sublime
regida pelo melhor dos maestros.
Quem sabe se encontre novamente
o que foi bom e todo o resto.

sábado, 16 de novembro de 2013

O Homem de Olhos Vermelhos (parte I)

Pergunta-se porque corre
ao encontro da maré.
Se nem entende o que pensa
se nem sabe quem é.

Estuda a batida do relógio
as horas que passam sombrias.
Alimenta o medo do escuro
em suas declarações vazias.

Arde em suor e pranto
do abandono de ser abandonado.
O foco está sempre na dor
que faz estada ao seu lado.

Não derrama lágrima
muito menos esboça sorriso.
Apenas vê seu próprio sangue
escorrendo por todo piso.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Olhares Cruzados

Por que possuis minha mente
se nem sabes que o faz?
O que tens em teus lábios
que sempre me atrai?

O que olhas ao longe
quando miro teu olhar?
Meu horizonte tão distante
como o teu, bem para lá...

Pergunto-me se imaginas
se ao menos devaneia
o meu profundo pensamento 
que em ti faz aldeia

cabana, morada e lar.
Certamente não o faz
Mas quiçá algum momento
venha a ti o que me traz

de volta aquela vontade
que dispara adrenalina
dentro do meu ser.
Ah, será que imaginas?

De dúvidas estou completo
De vontades, explodindo
Mesmo em segredo
Saibas que estou indo

de encontro às amarras
que prendem toda força
de dizer-te que o que mais quero
é beijar a tua boca!

Peças e Pétalas

As peças derramam suas cores amargas
iludidas pelos sabores opacos do nada.
Iluminam-se então as dores.
Por todos os cantos, rumores
de que não sobreviverá à alvorada.

Sorrateiramente se esguia a bela flor.
Despetalada não consegue reconhecer o odor
que refresca a memória branda
e faz renascer por onde anda
as peças que já não mais sentiam calor.

Enlaçam-se em correntes de penas
as peças, a flor e as cenas
de ternura que jamais se poderia ver.

Em um quebra-cabeça se encaixam.
Novas pétalas nascem e se acham
perdidas onde sempre quiseram se perder.  

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Natureza n'Ela

Escala a montanha
Corre pelo ar
Dança como estranha
Saia vive a voar

Encanta com mistério
Compra com o olhar
Canta um jeito sério
Vive de brincar

Ela ciranda numa roda
Ela balança sem parar
Ela me fez sentir criança
Ela sorrir me faz chorar

Anda na leveza
No galho que cai
Planta a beleza
Que a todos satisfaz

Brilha de alegria
Desliza em todo lugar
Que chove pelo dia
E à noite volta pra dançar

Ela invoca a natureza
Ela abençoa o céu e o mar
Ela espanta toda a tristeza
Ela me fez me apaixonar

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cordas no porão

Estoura uma guerra entre foices e cordões,
Um sorriso de rara beleza enfrenta
as lágrimas tristes de um dia chuvoso.

Em chamas arde o vento seco nos porões
afetando tudo que em seu recinto entra;
Mostra quem manda no sono doloroso.

Pendurada numa corda fora dos padrões
uma mente se contorce ao extremo e tenta
decidir se vale suportar esse nojo:

Terra de pássaros, águias e dragões.
Dúvida cruel que se impede e sustenta:
viver de prazer ou morrer de desgosto.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Espera

Por que o susto
surpresas e afins?
Sabes que jamais
te tirei de mim!

Esperei sozinho
durante a madrugada
Para te encontrar
no choro da alvorada

Recebi mensagens
e as ignorei
uma vez que vi
o que rejeitei

Mas sigo olhando
pro alto a sorrir
Tenha a certeza
que ainda vais me ouvir

terça-feira, 4 de junho de 2013

Deslumbramento

Solidão não é sensação
Medo não é sentimento
A vida pode ser só ilusão
O choro, deslumbramento

Brota da terra a luz
Vem do sol a quimera
Ao nada tudo reduz
O tempo, a morte, a espera

Por quem ou por aquilo
que nunca preencherá
até chegar o asilo

Virá o que tem a doar
O pai, a mãe e o filho
Tristeza, volta pro mar!

sábado, 25 de maio de 2013

Passagens Secretas

Dobras e mais dobras e apertos
Dedos entrelaçados como um erro
Cidades em meio às trevas da aurora
O amanhã se realiza no agora

Estalos, baques, solavancos e tremores
Riachos morrendo, despetalando-se as flores
Água poluída, manchada, irreconhecível
Os pesos na varanda estão em outro nível

O que será que há muito não desperta
em um mundo perfeito, mágico, de sonhos
onde jamais se precisa estar alerta?

Seja, pois, a vida em pesadelos medonhos
Mistificada e livre, de porta aberta
Por onde transitam anjos e demônios 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Novos abrigos

E quando começo a me distanciar
Entro num transe dentro de mim mesmo
Para logo após acordar no mundo real
E ver que a felicidade ainda existe

Sem nem perceber passo a encontrar
Aonde pra mim já estava à esmo
Um novo lugar, um ponto inicial
Em outras pessoas minha alma persiste

em encontrar abrigo, varrer o quintal,
catar as folhas, regar as plantas,
cuidar enfim de todas as casas

Não sei se é um pensamento banal
Não sei se isso ainda adianta
Mas pra sonhar e viver, ainda tenho asas 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Selva de Sabores

Maré efêmera de cores
Um anagrama na areia
No chão pedaços de flores
No ar lágrimas de sereia

O horizonte se expande
O coração se comprime
Olhos à venda num estande
de feira livre, que belo crime!

Seja feita a pintura
Alto relevo, uma gravura
de sentidos superiores

Os lábios pintam a doçura
Ora clara, ora escura
Perdida na selva de sabores

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Realidade quebrada

Será que morri?
A realidade está alterada, dobrada
Arrancada do meu peito ela foi

Por que estou aqui?
Minhas certezas quebraram, estalaram
Destruíram as dúvidas em mim

O que será que aconteceu?
Minha mente muda, transforma, inunda
Tudo ao redor do meu ser, tudo ao meu ver

Foi reconstruído, artificialmente
Será que isso tudo é só um sonho?
Talvez, felizmente, seja só um pesadelo real...        

terça-feira, 7 de maio de 2013

Antagonismos e transparências

Fácil. Às vezes fácil até demais
Escalar diversas paredes sem cair
Difícil é enxergar o que há por trás
De tantas portas sem as abrir

Simples. Às vezes simples ao extremo
Quebrar os vidros da janela
Pena que com as cortinas somente o vento
Pode revelar os mistérios escondidos por ela

Trivial. Morar numa casa transparente
Sem barreiras, sem espelhos, sem sujeira
Complicado é descobrir quem mente
Quando o pensamento enche os olhos de cegueira

Banal. Tudo se altera depois da metade
E não há nada errado em ter segredos
Porém, é quase impossível saber de verdade
Se vale a pena chorar pelo que escorre entre os dedos