terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ouro

Todos esses fios de cabelo
Variados tipos e cores
No pairar de uma brisa
O balanço da camisa
As ricas senhoras e senhores

A confusão do simples concreto
Com a sublime dança da chuva
Toda a riqueza do ouro
Não paga o real tesouro
Da construção desprovida de luva

Os ferimentos em uma mão jovem
E os calos naquelas mais antigas
São as mais belas marcas
Que nem o tempo apaga
Os calos e o causador das feridas

E se com ouro não se compra
De ouro não mais preciso
Não me pertence o coração
Pois, querendo você ou não
Por você ele foi ferido

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Alcance

Embriagar-se de respirar
E prolongar o êxtase
Da vitória inacabada

Estontear-se ao enxergar
A alma em ênfase
Da glória alcançada

Iluminar-se a acreditar
Na vida eterna
De sonho, inalterada

E transcender ao entregar-se
Ao esplendor que vela
A nova vida gerada

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Responda pra você mesmo

A vida pra mim são todos os detalhes
É cada sorriso em todos os olhares
É cada criança em todos os lugares
É toda a natureza de todas as cidades

Viver pra mim é enxergar com a alma
Alimentar-se com sonhos
Embelezar a realidade
Ajudar a quem precisa
E até a quem não precisa
E acima de tudo amar

Amar os amigos, amar a família
Amar os amores, inclusive as dores
Amar o amor e amar amar
Agradecer por viver
E por poder amar
Antes de tudo
Amar em primeiro lugar

Se Deus existe ou não, quem diz não sou eu
Eu sei que o meu Deus é o amar e perdoar
Não a tudo e a todos, porque sou humano
Mas amar a quem consigo com todas as forças
E perdoar mesmo sem desculpar
...

E o que se torna feliz
Sem a felicidade?
O que é o viver
Sem se entregar?
Não é pelo que vale a pena
Nem pelo que é valorizado
É viver pelo amor
É morrer pelo amar
E você:
Qual o amor você tem pra dar?

Remendos

Ainda faço mágica com os trapos de tecido
E visto uma roupa jamais fabricada
Costuro e pinto sem porém ter aprendido
A apagar as manchas de outra deixada

Rasgo as velhas e invento novas
Mudo a cor, o formato e o perfume
Botões “paradoxiam” várias histórias
Desabotoo e dou pontos como de costume

Os remendos não são tão bonitos
Mas volto atrás quando preciso
E reforço todos e cada nó dado

Os amores de antes, reflito
Não chegam perto do de agora
Costurado em meu peito, eternizado

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sonho de uma Tarde

E continuo a me perguntar qual a razão do tempo
Que te leva embora quando estás em meus braços
E infinitamente se demora quando longe estás

E continuo a me pegar pensando no amor feito vento
Que refresca a casa dos meus sonhos com os teus traços
E do teu jeito imagino-te em meu futuro sem ser capaz

De quantificar e demonstrar tudo que me fazes sentir
A sensação de perigo em sermos vistos em nossa hora
E o medo que eu sinto em não conseguir te fazer feliz

Deixam-me perdido em pensamentos do porvir
Mas amanhã está muito longe, preciso e te quero agora
Porque a felicidade plena é estar contigo, ver e te fazer sorrir

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Metade

Não mudarei o mundo
Não mudarei pessoas
Não mudarei paisagens
Não mudarei lugares

Não deixarei de pensar
Não deixarei de amar
Não deixarei de deixar
Ao seu lado sentir-me a te amar

Meu violão é pra compartilhar minhas lágrimas
Minha guitarra pra amplificar os meus gritos
Minha gaita pra dar voz às minhas mágoas
E você pra simplesmente fazer-me sentir-me vivo

Cantarei e tocarei para o mundo
Cantarei e tocarei para as pessoas
Cantarei e tocarei a riqueza da vida
Cantarei e tocarei chegada e partida

Não sei, realmente não sei
Não sei se um dia chegarei a saber
Por que quem eu sou só faz sentido
Quando em mim encontro você

Submergir

Em águas profundas estou
Num campo aberto
Folhas em movimento
A limpidez do vento em meu rosto
O perfume das flores
As cores em espiral
Todos os sons
Todos os animais
Toda a natureza
Num único mergulho
O afogar não mais é morrer
Submergir meu corpo, minha energia
Meus pensamentos
Chamo isso de me entregar a você