sábado, 30 de junho de 2012

Ator dos dias

Inimaginável ator dos dias
Passeia pela rua deserta
Desertando a tudo que se via
Imagem de loucura na certa

Gritos brandos ao vento
No céu, nuvens negras de chuva
À noite, sozinho ao relento
O ator se perde na curva

Entre o perdão e a nobre riqueza
Uma tênue linha, um retalho
Na avenida que emana tristeza
O ator se congela, sem agasalho

E sorrateira a noite se vai
Leva embora e chuva e o cansaço
A dor no peito se contrai
É doído cada fino e singelo passo

Se entregar em sua mente, jamais!
Mas um ator só interpreta o papel
E todas as facetas atrás
Se perdem num imenso e anil céu

De cortinas e glórias passadas
Num teatro de plateia muda
Ganha e perde vida o autor de pegadas
Das matas e céus, da casa e da rua

E assim se finda a história
A geografia, a ciência, o saber
Na vida de muitas memórias
Quem será esse ator, eu ou você?

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