domingo, 3 de junho de 2012

Relógio de Bolso

Estranho o tempo
Desajeitado nas engrenagens enferrujadas do relógio
Onde os ponteiros giram no anti-horário
E talvez no contrário esteja o que penso
Da poeira acumulada no vidro do carro
Sem uso, sem couro, sem tesouro guardado

Fotografias manchadas pelo mesmo tempo que levou embora
De todos os bons, a juventude
Ah! Quem me dera
Quem nos dera que os ventos soprassem de volta
Nos dera também ver o poente na porta

Porta de madeira, porta de casa
Que o desgaste não corroa, que a ferrugem não saia
Do meu querido relógio
Não! Que o tempo não volte
Pois não há glória vivida que valha
A mais bela joia, a mais fina malha
O que se foi, que se deixe por vir

Não é belo esse barulho antigo?!
Um cheiro gostoso, a chuva castigando o vidro
A janela, todas as partes
Se a Terra girar ao contrário
Que se veja o tão iluminado no espelho
E se faça direito um sublime desejo:
Que o tempo permita que a mente encontre
Na alma a resposta do que tanto almejo

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