segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Balanço na rede

Anestesiei meu corpo e agora as lágrimas descem involuntariamente
Toda vez que me lembro do que aconteceu
E principalmente do que poderia acontecer ou ter acontecido

O passado não quer ficar pra trás, e o presente se torna angustiante
Sem perspectiva de um possível futuro
O que resta são apenas travesseiros e lençóis molhados durante a noite

E a dor que conseguiu enfim tomar conta de tudo que poderia e queria
Já se tornou parte de mim e firmou-se
Em tudo que a esperança não conseguiu conquistar somente com a espera

Não é por pena do meu ser, nem da minha inútil existência que sinto a vida
Escorrer diante dos meus olhos, molhando meu rosto
E fazendo-se vergonha quando tudo que sobra é um quarto e um passeio pela mente

É pela falta de compromisso do e com o mundo, sobretudo das almas que flagelam
A minha por esta não ser capaz de tornar real
Os desejos e vontades daquelas, já que não há mais doação, só o ego falsificado

E o desconhecido que abrange tudo que parece imutável arranca e aniquila
Todos os desejos e sonhos fazendo acreditar
Fazendo-me acreditar que não vale a pena, que não vale a pena...

Mas uma coisa eu não consigo esquecer nem deixar pra trás
Por mais que eu lute e que eu deseje
Não consigo esquecer quem eu amo

Um comentário:

Maria Helena disse...

Nanddo, a dor é inevitável na vida. Mas a dor num coração do poeta vira lágrima que ciranda em todo ser e se transforma em belas poesias.
Você tem a arte de olhar de frente pra dor e transformá-la numa obra de arte!
Maravilhosa poesia!